Imagem: Casal sensual, desenho de
Romeu Zanchett.
EITA, ELE ME PEGOU!
Mirita Nandi
No Jardim do Éden do meu regaço, subitamente ele irrompe com sua concupiscência perversa num beijo suplicante obliterando minha nuca.
Arrepiada, negligenciei da fortaleza à sua luxúria. E vi-lhe invadir dissoluto todas as minhas saliências pudendas com o poder irrefreável do seu Talo de Coral.
Ele cerrou os dentes com o seu Pilar do Dragão Celestial em conexão femural e deliberadamente volveu-me as ancas, apalpou-me os seios, mordeu meu dorso e com seu bafo etílico de São Jerônimo me levou para a experiência da serpente.
Era a guerra: a necessidade do intercurso para a paz no mundo em ebulição.
Estremeci diante do seu Cogumelo Intumescente e fraquejei no meu Lótus Dourado como quem apanha sabonete no assoalho do banheiro.
Eita, ele me pegou.
Rendida, não tinha a quem recorrer por proteção. Dominada, a priori contra a minha vontade, fui sua lúbrica serva de Afrodite. E me subjugou com suas rédeas qual concubina deslavada e sem reputação. Fui sua descarada Madame de Pompadour, fui acrobata passional para que ele colocasse sua chave quente na minha úmida gruta privada, até invadir toda minha Porta do Cinábrio.
Ele me sacudiu e relei a cara no chão.
Fui espremida contra a parede, violentada deliciosamente.
Era eu sua caça, o seu suprimento inexaurível, a sua propriedade mais possessiva e possuída.
Fui domada, desnuda e sodomizada pela incontinência lasciva da sua Haste de Jade.
Fui sem-vergonha vil abominada qual rameira tenaz que leva o cuspe na cara pela exigência da felação.
Fui beata fiel pronta pro sacrifício diante do seu Pico Vigoroso que me deu lapadas nas costas, vergasta de comprada a preço vil na feira, obrigada à sodomia e a transgredir meus limites para que me penitenciasse aos quatros cantos de sua licenciosidade.
E ele virou deus no meu Terraço da Jóia e rodopiou no Saguão do Exame e se lambuzou na Fenda Dourada e se masturbou com seu Pássaro Vermelho assanhado nas minhas faces e pele para a saliva da minha boca que enchia a língua de gula e seu hálito de vida na arte da Câmara de Dormir.
Perdi a guerra no centro de todas as suas tocaias e armadilhas intemperantes.
Fui corrompida e ultrajada.
Virei estatueta de Vênus viva por todos os furacões de sua fúria à prova de água e de fogo na minha virtude fácil de dançarina pisoteada e derrotada.
Inclemente ele recolheu todos os frutos do meu pomar, serviu-se de todas as plantações, rompeu o escore de todas as volúpias pecaminosas do meu corpo dessacralizado.
Vencida, ordenhou seu rebanho em mim e fui seu solo fértil para repor suas forças na hora dos Cavalos Selvagens Cabriolando.
Era a sua Lei de Talião e cedi como quem se dá aos favores de esposa resignada, de amante fiel, de meretriz sem véus ou escolha, vítima das suas cinqüenta mil varadas e seu sêmen lavou-me desonrada.
Ficou dependente do nosso firme enlaçamento e o meu sangue a sua vida.
Reclusa aos seus caprichos, eu fui insultada pelo déspota amante que me sacrificou indecorosamente extravagante como o deus Líber com seu fascinum de espírito mágico a me vergar na posição primata costumeira.
Ele todo Casanova, vitorioso por meus regatos suados e me subjugando na vindima de sua priápica exacerbação.
E fui supliciada no seu tronco, morri e tive a ressurreição parindo todos os meus demônios e nos tornamos uma só carne ardendo no mútuo consentimento dos nossos desejos.
Depois de vitorioso, ele rei lânguido saciado, fui rejeitada. Na repulsa, a lição.
Agora ele ia pra vida enfrentar suas novas batalhas e inimigos. E eu fiquei com a certeza que para ele vencer, terá de usufruir da minha carne, minhas forças, minha vida. E eu sou dele a panacéia que ele quiser no nosso Kama Sutra.
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Crônica de amor por ela.