domingo, 5 de junho de 2011

CRENÇA PELO DIREITO DE VIVER E DEIXAR VIVER



CRENÇA

Letra & música de Luiz Alberto Machado

É preciso respeitar melhor a vida
no amor que traz a paz que é tão bem vida.
Amar para se ter além do passional
e o coração valer o ser humano universal.

É preciso respeitar as diferenças
e não se equiparar ao que é hostil nas desavenças.
Lutar contra a mantença desigual
que forja o algoz na força do poder irracional.

Se entregar agora, todo dia e a noite inteira,
testemunhar assim as coisas verdadeiras.
Colher a lágrima do olhar mais desolado
para irrigar a sede do carinho devastado.

É preciso ter no olhar a flor da vida,
trazer a luz do sol nas mãos amanhecidas.
E perceber o amor no menor gesto natural
para valer o sonho mais presente mais real.

Se entregar agora, todo dia e a noite inteira,
testemunhar assim as coisas verdadeiras.
Colher a lágrima do olhar mais desolado
para irrigar a sede do carinho devastado.

E afinal poder sorrir
como quem vai feliz viver,
a manter a crença e o seu proceder na paz.
Semear a vida no ideal de colher
o que virá depois
pra ser alegria imensa para um, mais dois, mais!
Viver a vida pelo que foi e será, é e será!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira reunião. Recife: Bagaço, 1992.



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domingo, 29 de maio de 2011

ANIVERSÁRIO DELE

ANIVERSÁRIO DELE



Mirita Nandi



Naquela tarde de quase 10 anos atrás, os seus olhos me renderam, vendida pros seus caprichos, escrava dos seus quereres.



Como eu me perdi de minha própria vontade, não tive dúvidas: levantei a saia, arranquei a calcinha e lhe presenteei. Era aniversário dele.



Com os olhos mais agradecidos ele beijou carinhosamente a minha peça íntima e me tomou nos braços com seus lábios carentes de milênios e se apoderou de mim da minha reluzir feliz da vida.



Nunca fui tão beijada.



Sem fôlego me afastei e ele arrancou minha blusa como quem fugava da prisão condenada de sempre. E abocanhou meus seios como uma dádiva conseguida. E sugou meu umbigo como quem buscava segredos. E lambeu minhas entranhas como quem se apossava da minha vida.



Eu me dei toda pra ele. Tremi e gozei. E mais ele cavoucava o meu íntimo descobrindo todos os meus quadrantes, meridianos, trópicos e subterrâneos. Arrepiou meu alçapão, meus desvãos e fendas. Vasculhou meu corpo até me revirar entregue a todas as suas investidas. E mais tremi, mais gozei por todos os limites da galáxia.



Sem vacilo nem descanso, retomou de tudo e não deu trégua com os látegos de sua língua na minha mais infinita interioridade. Fui toda descoberta, tomada, levada, surrupiada, vilipendiada, até perder minha própria identidade que agora era totalmente sua, inteiramente nua, prazerosamente rua para ele explorar. Espalmada e pronta, fui revirada, seviciada e gozada como quem teve o sobejo do seu sêmen aguada por toda minha carne.



Como um rei vitorioso, ele esfregou seu pênis nos meus pés, pernas, coxas, seios, face, lábios e ventre.



Deixou-me lambuzada de sua água deliciosa que me aguçou a sede e não me contive adunca e necessitada, para devolver-lhe as lambidas que precisava dar para saborear sua carne, seu sexo e seu gozo. Senti-lhe espremer com as linguadas que eu dava em toda sua superfície corporal, a ponto de perceber seu sexo cada vez mais grosso, duro, pronto para me transfigurar enlouquecida de prazer. E mais castiguei sua carne oferecendo-lhe toda constelação estelar do céu da minha boca, até ele ejacular em profusão ronronando como quem esborrava para encher minha boca, garganta, estomago e espaços anímicos, preenchendo meu corpo da vitalidade mais surpreendente. Não me fiz de rogada e deixei-o estendido exangue, satisfeito, extasiado. Até que se fez dormir e eu me apropriando dos seus sonhos. Guardei para mim todos os sabores e líquidos dele. Estava premiada e ele presenteado. Deitei do lado e sonhei tudo aquilo de novo por um tempo indeterminado e pela dimensão do universo.



Enquanto eu navegava na imaginação mais gostosa que um ser humano pudesse ter, ele se aprumou em mim, recuperado e firme, enfiou-me o sexo rijo ventre adentro, indo e vindo, estocadas fortes, eu me deliciando sentindo sua respiração nas minhas faces. Que delícia de possessão a dele, rompendo minhas fortalezas, enchendo a minha volúpia e me tomando inteira de afago nos seios, força bruta entre as coxas servas para lhe servir do que quiser, até me revirar de bruços e mirando firme, penetrou-me sem reservas, agarrado aos meus ombros e impando na minha nuca dada, eu toda rasgada e a me condoer com sua fúria de guerreiro invencível, me dando por vencida até sentir-lhe o gozo quente lavar minha fraqueza de fundura alcançada.



Quedei aliviada quando ele se arrancou de mim e me prometeu novas investidas para deixar-me completamente perdida por seu jugo de meu senhor.



Veja mais Crônica de amor por ela.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MINIMOZINHO PRA ELE

Imagem: Mulher deitada de Nicéas Romeo Zanchett



MINIMOZINHO PRA ELE



Mirita Nandi



Quando ele canta

Me encanta

E sou dele.




sábado, 8 de janeiro de 2011

CONTOS ERÓTICOS DA MIRITA


Imagem: Casal sensual, desenho de Romeu Zanchett.

EITA, ELE ME PEGOU!


Mirita Nandi


No Jardim do Éden do meu regaço, subitamente ele irrompe com sua concupiscência perversa num beijo suplicante obliterando minha nuca.

Arrepiada, negligenciei da fortaleza à sua luxúria. E vi-lhe invadir dissoluto todas as minhas saliências pudendas com o poder irrefreável do seu Talo de Coral.

Ele cerrou os dentes com o seu Pilar do Dragão Celestial em conexão femural e deliberadamente volveu-me as ancas, apalpou-me os seios, mordeu meu dorso e com seu bafo etílico de São Jerônimo me levou para a experiência da serpente.

Era a guerra: a necessidade do intercurso para a paz no mundo em ebulição.

Estremeci diante do seu Cogumelo Intumescente e fraquejei no meu Lótus Dourado como quem apanha sabonete no assoalho do banheiro.

Eita, ele me pegou.

Rendida, não tinha a quem recorrer por proteção. Dominada, a priori contra a minha vontade, fui sua lúbrica serva de Afrodite. E me subjugou com suas rédeas qual concubina deslavada e sem reputação. Fui sua descarada Madame de Pompadour, fui acrobata passional para que ele colocasse sua chave quente na minha úmida gruta privada, até invadir toda minha Porta do Cinábrio.

Ele me sacudiu e relei a cara no chão.

Fui espremida contra a parede, violentada deliciosamente.

Era eu sua caça, o seu suprimento inexaurível, a sua propriedade mais possessiva e possuída.

Fui domada, desnuda e sodomizada pela incontinência lasciva da sua Haste de Jade.

Fui sem-vergonha vil abominada qual rameira tenaz que leva o cuspe na cara pela exigência da felação.

Fui beata fiel pronta pro sacrifício diante do seu Pico Vigoroso que me deu lapadas nas costas, vergasta de comprada a preço vil na feira, obrigada à sodomia e a transgredir meus limites para que me penitenciasse aos quatros cantos de sua licenciosidade.

E ele virou deus no meu Terraço da Jóia e rodopiou no Saguão do Exame e se lambuzou na Fenda Dourada e se masturbou com seu Pássaro Vermelho assanhado nas minhas faces e pele para a saliva da minha boca que enchia a língua de gula e seu hálito de vida na arte da Câmara de Dormir.

Perdi a guerra no centro de todas as suas tocaias e armadilhas intemperantes.

Fui corrompida e ultrajada.

Virei estatueta de Vênus viva por todos os furacões de sua fúria à prova de água e de fogo na minha virtude fácil de dançarina pisoteada e derrotada.

Inclemente ele recolheu todos os frutos do meu pomar, serviu-se de todas as plantações, rompeu o escore de todas as volúpias pecaminosas do meu corpo dessacralizado.

Vencida, ordenhou seu rebanho em mim e fui seu solo fértil para repor suas forças na hora dos Cavalos Selvagens Cabriolando.

Era a sua Lei de Talião e cedi como quem se dá aos favores de esposa resignada, de amante fiel, de meretriz sem véus ou escolha, vítima das suas cinqüenta mil varadas e seu sêmen lavou-me desonrada.

Ficou dependente do nosso firme enlaçamento e o meu sangue a sua vida.

Reclusa aos seus caprichos, eu fui insultada pelo déspota amante que me sacrificou indecorosamente extravagante como o deus Líber com seu fascinum de espírito mágico a me vergar na posição primata costumeira.

Ele todo Casanova, vitorioso por meus regatos suados e me subjugando na vindima de sua priápica exacerbação.

E fui supliciada no seu tronco, morri e tive a ressurreição parindo todos os meus demônios e nos tornamos uma só carne ardendo no mútuo consentimento dos nossos desejos.

Depois de vitorioso, ele rei lânguido saciado, fui rejeitada. Na repulsa, a lição.

Agora ele ia pra vida enfrentar suas novas batalhas e inimigos. E eu fiquei com a certeza que para ele vencer, terá de usufruir da minha carne, minhas forças, minha vida. E eu sou dele a panacéia que ele quiser no nosso Kama Sutra.


Veja mais no Crônica de amor por ela.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

FESTA TATARITARITATÁ 5 ANOS


FESTA TATARITARITATÁ 5 ANOS

Mirita Nandi

Caí de cabeça na festa de 5 anos do Tataritaritatá! Não podia ser diferente. Festa é comigo mesmo, uma pintinha no lixo, rs.

Acompanho a trajetória do poetinha Luiz Alberto Machado desde meados dos anos 90, quando o conheci aqui no Rio de Janeiro e me encantei com seu jeito bem humorado, inteligente, sagaz, intuitivo e visionário. Coisa impressionante isso nele. Nunca vi alguém ter tanto papo, tanta conversa, horas a fio, sem se cansar. Parece uma metralhadora disparando em todas as direções. E o melhor: não cansa. É sempre agradável ter sua presença do lado.

Tive oportunidade de virar uma noite conversando com ele. A lua se foi pro sol com dó de ir embora, ela queria testemunhar nossa noite e ficar com o sol presenciando tudo.

Impressionante como ele tem sempre uma boa conversa para nos impressionar. Conversas essas que nas poucas vezes que tive oportunidade de ter, as muitas horas foram muito poucas, e eu adoraria demais que acontecesse sempre e todo dia. É bom demais privar da amizade de figura tão instigante, motivada e inteligente.

Confesso, me apaixonei por ele. E por seus parceiros: Derinha Rocha, Mariza Lourenço, Vânia Moreira Diniz, Márcio Baraldi, dos das Edições Bagaço e tantos outros de suas lindas músicas e projetos.

Quando vi o Tataritaritatá pela primeira vez, era um blog do Weblogger, onde eu também tinha um modesto blog, nada parecido com o que ele fazia. Ele já era um blogueiro veterano e eu iniciando meus primeiros passos com um diariozinho das minhas fantasias pós-adolescentes.

Confesso que dei muita gargalhada quando me deparei só com a pronúncia do nome. Parecia mais coisa de tatibitati. Coisa estranha que não vou perder a oportunidade de matar a curiosidade e ele me explicar o que significa tintim por tintim. Ou como ele mesmo diz: que droga é nove isso de Tataritaritatá?

Morri de ri com as Trelas do Doro, as Proezas do Biritoaldo, as presepadas do Tolinho & Bestinha, as “gréias” da Fúria dos Inocentes, com as tiradas que sempre achei inteligentíssimas nas sacadas que ele fazia das idéias de Sartre, de Blaise Cendrars, de Nietzschie, de Kierkegaard, da poesia de Ascenso Ferreira, da Literatura de Cordel, das investidas ginofágicas de priapo, das teimosias dos Zé-ruelas e das mazelas dos nossos políticos e autoridades.

Hoje ele conta a história toda no Tudo Global. E no blog Tataritaritatá.

Puxa! Trata-se de um cara inteligentíssimo e muito bem humorado. Lindo isso. Coisa que admiro demais nele. Não só isso, como todo encanto dele com a sua solidariedade e crença na vida por um mundo melhor paratodos, na sua forma apaixonada de falar das coisas em que acredita e nas bandeiras que empunha em nome de um país que mereça o seu povo.

O Tataritaritatá é uma síntese dessa grande pessoa, grande amigo e grande artista.

Em razão disso, quero parabenizar o poetinha Luiz Alberto Machado pelos 5 anos e pelas mais de 150 mil visitas do Tataritaritatá. Parabens, amadamigo. Aplausos, você merece. Amo você. Sucesso!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CONTOS ERÓTICOS DA MIRITA



Imagem: The pin-up de Roberto Remiz



VÔO






Quando ele embarca em mim, sou toda sua. E toda nua sou tratada no começo pelo ateniense Dédalo com as asas invisíveis surgindo dos flancos com seu desejo milenar de voar seu exílio em mim. Aos poucos ele me faz decolar para siderar enlouquecido com toda tração, toda propulsão e eu com toda arfagem no meio da sua manobra, me mantendo na força do arrasto, enfrentando as ondas de choque. E depois me faz de pombo de Archytas, da carruagem aérea que me vira sua Susroni para ele que se torna o meu rei Supama, de Xiva ou de Yama, até me fazer pipa chinesa, ou a espacial cidade de Kuvera. Ele me transforma no ornithopter de Leonardo da Vinci, na máquina de Swedenborg, no dirigível de Giffard, no planador de Cayley, no monoplano de Pearse, no biplano de Maxim, no aerodrome de Langley, no 14-Bis de Santos Dumont, no flyer dos irmãos Wrigths, no hidroavião de Fabre, no girocóptero de La Cierra, no ecranoplano russo, no helicóptero de Cornu, no concorde de Yeager, no Sputinik, no Apolo 11, na Hubble até que eu seja toda Via Láctea para todas as suas odisséias sexuais. E ele recomeça como se eu fosse o seu ultraleve. Ele é meu piloto, meu guia, me faz voar, me deixa nas nuvens no nosso vôo sem hélices, ao sabor dos ventos, pelas correntes e me mantém com estabilidade. Obedeço ao leme sem bússola, sem altímetro, sem velocímetro e despressurizo. Ele Gagarin e eu sua Vostok. Ele Shepard, eu Redstone. E eu sou toda e ele a bordo no meu cockpit, manipulando todo meu instrumental. Dá sua guinada e aciona minhas turbinas e viro a jato no seu tráfego exclusivo por todas altitudes, todas as longitudes com seu desejo supersônico. Ele me faz sua aeronave, qual astronauta sem órbita. E sou sua espaçonave enlouquecida, sua astronave para realizar todos os seus desejos. E mais sou mais quando me beija a boca, liga minha tomada da ignição para levar às alturas imensuráveis do prazer, demoradamente degustada até que eu aterrisse entregue e farta toda dele.